por Heitor Mazzoco
A cada escândalo envolvendo políticos a primeira frase que vem na cabeça do brasileiro é: “Esse país não tem jeito mesmo.” Para confirmar tal pensamento, basta qualquer pessoa com gosto pela história pegar um livro como 1808, de Laurentino Gomes, para saber que o Brasil “sem jeito” já existe desde o tempo do “seu João”.
Ao lembrar um trecho do livro 1808, podemos notar bem isso. Azevedo e Targini, segundo pesquisas do autor, eram dois corruptos que foram promovidos por Dom João VI aos cargos de Barão (Azevedo) e Visconde (Targini). Ambos acusados de enriquecer rapidamente e sem explicações. A função principal, antes de serem promovidos, era administrar as finanças públicas. Já podemos ter uma ideia de corrupção, não é mesmo?
O povo logo demonstrou insatisfação com o ocorrido. E a forma de protesto foi a seguinte:
Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde.
Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no Erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz ao Calvário.
Satirizar a desgraça vivida. Um povo, que há tempos, presencia a corrupção na política e em forma de protesto simplesmente escancara o maxilar e produz algo cômico de improviso para todos rirem. Essa é realidade que foi passada de geração para geração. Inteligente é o que “deixa no forno” a piada pronta para debochar do próximo enganador da República. Porém, enganado é o que solta a gargalhada.
Quando teremos uma forma verdadeira de protesto? Quando vai começar a fiscalização verdadeira nos órgãos públicos? Não podemos esperar muito de um país que não organiza e sim, satiriza. Um bom ano para começar a tratar a política com olhares sérios está ai… 2010 começou para valer e podemos deixar de lado o título de “país da piada pronta.”