quinta-feira, 25 de março de 2010

O país da piada pronta!

por Heitor Mazzoco

A cada escândalo envolvendo políticos a primeira frase que vem na cabeça do brasileiro é: “Esse país não tem jeito mesmo.” Para confirmar tal pensamento, basta qualquer pessoa com gosto pela história pegar um livro como 1808, de Laurentino Gomes, para saber que o Brasil “sem jeito” já existe desde o tempo do “seu João”.

Ao lembrar um trecho do livro 1808, podemos notar bem isso. Azevedo e Targini, segundo pesquisas do autor, eram dois corruptos que foram promovidos por Dom João VI aos cargos de Barão (Azevedo) e Visconde (Targini). Ambos acusados de enriquecer rapidamente e sem explicações. A função principal, antes de serem promovidos, era administrar as finanças públicas. Já podemos ter uma ideia de corrupção, não é mesmo?

O povo logo demonstrou insatisfação com o ocorrido. E a forma de protesto foi a seguinte:

Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde.


Furta Azevedo no Paço
Targini rouba no Erário
E o povo aflito carrega
Pesada cruz ao Calvário.

Satirizar a desgraça vivida. Um povo, que há tempos, presencia a corrupção na política e em forma de protesto simplesmente escancara o maxilar e produz algo cômico de improviso para todos rirem. Essa é realidade que foi passada de geração para geração. Inteligente é o que “deixa no forno” a piada pronta para debochar do próximo enganador da República. Porém, enganado é o que solta a gargalhada.

Quando teremos uma forma verdadeira de protesto? Quando vai começar a fiscalização verdadeira nos órgãos públicos? Não podemos esperar muito de um país que não organiza e sim, satiriza. Um bom ano para começar a tratar a política com olhares sérios está ai… 2010 começou para valer e podemos deixar de lado o título de “país da piada pronta.”

segunda-feira, 1 de março de 2010

Genialidade fora da Copa




Por Renan Leite


Tiro curto. Sete jogos. Copa do Mundo é momento. Menos tática, mais qualidade.

A opção do técnico Dunga em deixar de fora Ronaldinho Gaúcho da seleção brasileira levanta questionamentos em toda a imprensa mundial. Como um jogador, já eleito duas vezes o melhor do mundo da bola e que está voltando a ser o gênio já conhecido pelos amantes do futebol, pode ficar de fora do Mundial?

Dunga fica bravo. Responde sem responder. Lembra do passado quando aconteceu a mesma coisa com Parreira e Luis Felipe Scolari envolvendo o nome de Romário. Mas o caso é outro. O jogador é outro. O técnico é outro.

Em uma competição como a Copa do Mundo o que vale é o momento do jogador e não seu histórico, mesmo que recente, pela seleção. O treinador defende seus jogadores pelo apoio que recebeu em um momento de transação, principalmente o pós 2006. Lembra das conquistas da Copa América, Copa das Confederações e do bronze Olímpico. Tudo isso é fato, mas não argumentos convincentes para deixar uma qualidade como a de Ronaldinho de fora.

Outro fato levantado por Dunga para justificar suas escolhas em relação ao Gaúcho é a regularidade do jogador ao longo dos 90 minutos. Mas qual jogador é constante durante toda partida?

O treinador exalta principalmente o esquema tático que se encaixou bem na seleção. Dois zagueiros, que recebem a proteção de Gilberto Silva. Um segundo volante que sai pro jogo, um meia com um arranque excepcional e dois laterais que avançam e caem pelo meio. Além do centroavante que vive o melhor momento da sua carreira.

Apesar de toda esse esquema organizado pelo treinador, em uma partida complicada, diante de uma Inglaterra, Itália ou Alemanha que se retrancam, usam a força e jogam no contra-ataque, o esquema pode não funcionar. E aí? O que fazer? Sacar Gilberto Silva e colocar Julio Baptista? Tirar Ramires e colocar Josué?

Todas as alterações não modificarão o modo da seleção jogar. E é aí que entra uma jogada. O gênio. O diferenciado. Com apenas uma jogada é possível desmontar todo o esquema tático do adversário. Uma firula na beira do gramado pode confundir a marcação e facilitar a ultrapassagem de um lateral ou de um jogador que venha do meio como elemento surpresa. Isso é o diferencial das equipes qualificadas e que são, no desfecho do mundial, as grandes vencedoras.

Dunga permanece na sua linha fechada, assim como sua cara. Se a teimosia persistir ele se lembrará de tudo isso quando não conseguir furar uma forte retranca, seja do ASA de Arapiraca ou da forte seleção da Costa do Marfim, ainda na fase inicial.